ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Infecção bacteriana de expressão clínica pleomórfica, podendo se
manifestar através de formas assintomáticas ousub-clínicas, ou formas graves e
tóxicas. Nas formas graves, a shigelose é doença aguda toxêmica, caracterizada por
febre, diarréia aquosa, que pode ser volumosa e com dor abdominal. A dor
abdominal tem característica de cólica difusa, geralmente precedendo a
diarréia, que se constitui no sintoma mais freqüente, presente em cerca de 90%
dos casos. De 1 a 3 dias após, as fezes se tornam mucossangüinolentas, a febre
diminui e aumenta o número de evacuações, geralmente de pequeno volume e freqüentes,
com urgência fecal e tenesmo (colite exsudativa). Além da febre alta, outras
manifestações podem estar presentes, tais como: anorexia, náuseas, vômitos,
cefaléia, calafrios, estados totêmicos, convulsões e sinais meningíticos. Ao
exame físico, pode-se observar hipertermia, desidratação, hipotensão, dor à
palpação abdominal e ruídos hidroaéreos exacerbados. Nas formas leves ou moderadas,
a shigelose pode se manifestar apenas por diarréia aquosa, sem aparecimento de
fezes disentéricas.
Sinonímia
Disenteria bacilar clássica.
Agente etiológico
Bactérias gram negativas do gênero Shigella, constituídas
por quatro espécies S. dysenteriae(grupo A), S. flexneri(grupo B)
S. boydii(grupo C) e S. sonnei(grupo D).
Reservatório
Trato gastrointestinal do homem, água e alimentos contaminados.
Modo de transmissão
A infecção é adquirida pela ingestão de água contaminada ou de
alimentos preparados com água contaminada. Também está demonstrado que as Shigelas
podem ser transmitidas por contato pessoal.
Período de incubação
Variam de 12 a 48 horas.
Diagnóstico
É
clínico, epidemiológico e laboratorial. Esse último é feito pela semeadura das
fezes do paciente em meios de cultura, como Mac Conckey e S, com posterior
identificação das colônias suspeitas por meio de provas bioquímicas e
sorológicas, destacando-se a excelência dos métodos imunoenzimáticose o PCR
para realização de exame radiológico (RX).
Diagnóstico diferencial
Gastroenterites
virais e salmonelose.
Complicações
As
complicações neurológicas (convulsão, meningismo, encefalopatias, letargia,
alucinações, cefaléia, confusão mental, etc.) constituem as manifestações extra-intestinais
mais freqüentesda shigelose, ocorrendo mais em crianças que em adultos. Outras
complicações: sepse, peritonite secundária,à perfuração intestinal,
Insuficiência Renal Aguda, Síndrome Hemolítica Urêmica, hemorragia digestiva,
pneumonia, conjuntivite, uveíte, prolapso retal, osteomielite, artrite séptica
e S. de Reiter.
Tratamento
Semelhante
ao indicado para todos os tipos de diarréias. Reidratação oral (SRO), que
simplificou o tratamento, pois sabe-se que o esquema de tratamento ,adequado
independe do diagnóstico etiológico, já que o objetivo da terapêutica é
reidratar ou evitar a desidratação.
Características
epidemiológicas
A
freqüência das infecções por Shigellaaumenta com a idade da criança. No
Brasil, a prevalência dessa bactéria é de 8 a 10% em crianças com menos de um
ano de idade e de 15 a 18% em crianças com mais de 2 anos. Os índices de
prevalência nos adultos são semelhantes aos encontrados em crianças com mais de
dois anos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivo É uma das doenças diarréicas agudas,
cujo objetivo da vigilância epidemiológicaé monitorar a incidência, visando
intervenções em surtos ea manutenção de atividades de educação em saúde com o
propósito dediminuir sua freqüência e letalidade.
Notificação
Não
é doença de notificação compulsória. Entretanto, como explicitado no capítulo
das doenças diarréicas agudas, tem-se instituído o monitoramento das diarreias
através de sistemas de notificações sentinelas.
Medidas de controle
Melhoria
da qualidade da água, destino adequado de lixo e dejetos, controle de vetores,
higiene pessoal e alimentar. Educação em saúde, particularmente em áreas de
elevada incidência. Locais de uso coletivo, tais como colégios,creches,
hospitais, penitenciárias, que podem apresentar riscos maximizados quando as
condições sanitárias não são adequadas, devem ser alvo de orientações e
campanhas específicas.
REFERÊNCIAS
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