segunda-feira, 1 de julho de 2013

SHIGELOSE




ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Infecção bacteriana de expressão clínica pleomórfica, podendo se manifestar através de formas assintomáticas ousub-clínicas, ou formas graves e tóxicas. Nas formas graves, a shigelose é doença aguda toxêmica, caracterizada por febre, diarréia aquosa, que pode ser volumosa e com dor abdominal. A dor abdominal tem característica de cólica difusa, geralmente precedendo a diarréia, que se constitui no sintoma mais freqüente, presente em cerca de 90% dos casos. De 1 a 3 dias após, as fezes se tornam mucossangüinolentas, a febre diminui e aumenta o número de evacuações, geralmente de pequeno volume e freqüentes, com urgência fecal e tenesmo (colite exsudativa). Além da febre alta, outras manifestações podem estar presentes, tais como: anorexia, náuseas, vômitos, cefaléia, calafrios, estados totêmicos, convulsões e sinais meningíticos. Ao exame físico, pode-se observar hipertermia, desidratação, hipotensão, dor à palpação abdominal e ruídos hidroaéreos exacerbados. Nas formas leves ou moderadas, a shigelose pode se manifestar apenas por diarréia aquosa, sem aparecimento de fezes disentéricas.


Sinonímia
Disenteria bacilar clássica.

Agente etiológico
Bactérias gram negativas do gênero Shigella, constituídas por quatro espécies S. dysenteriae(grupo A), S. flexneri(grupo B) S. boydii(grupo C) e S. sonnei(grupo D).

Reservatório
Trato gastrointestinal do homem, água e alimentos contaminados.

Modo de transmissão
A infecção é adquirida pela ingestão de água contaminada ou de alimentos preparados com água contaminada. Também está demonstrado que as Shigelas podem ser transmitidas por contato pessoal.

Período de incubação
Variam de 12 a 48 horas.

Diagnóstico
É clínico, epidemiológico e laboratorial. Esse último é feito pela semeadura das fezes do paciente em meios de cultura, como Mac Conckey e S, com posterior identificação das colônias suspeitas por meio de provas bioquímicas e sorológicas, destacando-se a excelência dos métodos imunoenzimáticose o PCR para realização de exame radiológico (RX).

Diagnóstico diferencial
Gastroenterites virais e salmonelose.

Complicações
As complicações neurológicas (convulsão, meningismo, encefalopatias, letargia, alucinações, cefaléia, confusão mental, etc.) constituem as manifestações extra-intestinais mais freqüentesda shigelose, ocorrendo mais em crianças que em adultos. Outras complicações: sepse, peritonite secundária,à perfuração intestinal, Insuficiência Renal Aguda, Síndrome Hemolítica Urêmica, hemorragia digestiva, pneumonia, conjuntivite, uveíte, prolapso retal, osteomielite, artrite séptica e S. de Reiter.

Tratamento
Semelhante ao indicado para todos os tipos de diarréias. Reidratação oral (SRO), que simplificou o tratamento, pois sabe-se que o esquema de tratamento ,adequado independe do diagnóstico etiológico, já que o objetivo da terapêutica é reidratar ou evitar a desidratação.

Características epidemiológicas
A freqüência das infecções por Shigellaaumenta com a idade da criança. No Brasil, a prevalência dessa bactéria é de 8 a 10% em crianças com menos de um ano de idade e de 15 a 18% em crianças com mais de 2 anos. Os índices de prevalência nos adultos são semelhantes aos encontrados em crianças com mais de dois anos.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivo É uma das doenças diarréicas agudas, cujo objetivo da vigilância epidemiológicaé monitorar a incidência, visando intervenções em surtos ea manutenção de atividades de educação em saúde com o propósito dediminuir sua freqüência e letalidade.

Notificação
Não é doença de notificação compulsória. Entretanto, como explicitado no capítulo das doenças diarréicas agudas, tem-se instituído o monitoramento das diarreias através de sistemas de notificações sentinelas.

Medidas de controle
Melhoria da qualidade da água, destino adequado de lixo e dejetos, controle de vetores, higiene pessoal e alimentar. Educação em saúde, particularmente em áreas de elevada incidência. Locais de uso coletivo, tais como colégios,creches, hospitais, penitenciárias, que podem apresentar riscos maximizados quando as condições sanitárias não são adequadas, devem ser alvo de orientações e campanhas específicas.

REFERÊNCIAS
Doenças Infecciosas e Parasitárias. Guia de Bolso. 4ª Edição Ministério da Saúde.

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