segunda-feira, 1 de julho de 2013

ONCOCERCOSE




ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
Doença parasitária humana crônica, caracterizada pelo aparecimento de nódulos subcutâneos fibrosos, sobre superfícies ósseas, em várias regiões, a exemplo de ombros, membros inferiores, pelves e cabeça. Esses nódulos são indolores e móveis e são neles que se encontram os vermes adultos. Esses vermes eliminam as microfilárias, que, ao se desintegrarem na pele, causam manifestações cutâneas, que podem ser agudas, como o prurido intenso agravado à noite, e crônicas, caracterizadas por xerodermia, liquenificação ou pseudoictiose, despigmentação nas regiões pré-tibial e inguinal, atrofia, estase linfática (lesões típicas de uma dermatite crônica). A migração das microfilárias pode atingir os olhos, provocando alterações variadas, como: conjuntivite, edema palpebral, escleroceratite, ceratite puntiforme, irite ou iridociclite, esclerose lenticular, coriorretinite difusa degenerativa, podendo levar à cegueira. Em infecções muito intensas, pode se encontrar microfiláriasna urina, lágrima, escarro e sangue.




Sinonímia
Cegueira dos rios, doença de Robles, volvulose, erisipela da costa, mal morado.

Agente etiológico
É um nematódeo do gênero Onchocerca. No Brasil, a espécie Onchocercavolvulusé a mais encontrada.

Reservatório
O homem. Experimentalmente, pode ser transmitido a chimpanzés.

Modo de transmissão
Através da picada dos vetores do gênero Simulium. Na América do Sul, os seguintes complexos são importantes: S. metallicum, S. sanguineum/amazonicum, S. quadrivittatum.

Período de incubação
Longo, cerca de um ano, podendo variar de 7 meses a mais de 2 anos.

Período de transmissibilidade
A filária permanece viva no homem por 10 a 15 anos (casos não tratados), podendo nesse período os vetores se infectarem. Não há transmissão inter- humanos.

Complicações
Cegueira, linfedema, hipertrofia ganglionar.

Diagnóstico
Faz-se a suspeita clínica através das manifestações aliadas à história epidemiológica. O diagnóstico específico é feito por: a) identificação do verme adulto ou microfilárias através de: biópsia de nódulo ou pele; punção por agulha e aspiração do nódulo; exame oftalmoscópicos do humor aquoso; urina; b) testes de imunidade: intradermorreação, imunofluorescência, ELISA, PCR.

Tratamento:
a) Específico -Microfilaricida a base de Ivermectina na dosagem de 150
(microgramas) μg/Kg, em dose única com periodicidade semestral ou anual, durante um período de 10 anos. A Ivermectina não deve ser ministrada amulheres na primeira semana de amamentação, pessoas gravemente enfermas e crianças com menos de 15 Kg de peso ou que tenham menos de 90 cm de altura. Ivermectina deve ser administrada em dose única, VO, obedecendo a seguinte escala de peso corporal (15 a 25kg - 1/2 comprimido; 26 a 44kg - 1 comprimido; 45 a 64kg - 1 1/2 comprimidos; 65 a 84kg - 2 comprimidos;
85 kg - 150 μg/kg. Em campanhas de distribuição em massa inseridas em programas de eliminação, o intervalo entre doses usado é de 6 meses.

b) Cirúrgico - Retirada dos nódulos.

Características epidemiológicas
A doença ocorre na África, Mediterrâneo, América Central e América do Sul. No Brasil, a maioria dos casos advém dos estados de Roraima e Amazonas, com ocorrência nas reservas das populações Yanomami e Makiritari. A prevalência da oncocercose é influenciada pela proximidade dos rios e afluentes, que se constituem no local de desenvolvimento larvar do vetor.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos
Diagnosticar e tratar as infecções, visando impedir as seqüelas da doença e reduzir o número de indivíduos infectados.

Notificação
Não é doença de notificação obrigatória nacional. Nos estados onde ocorre, deve ser notificada para as autoridades sanitárias locais.

Medidas de controle
O tratamento dos portadores de microfilárias e o combate aos simulídeos. Qualquer medida de intervenção deve ser conduzida observando-se os conhecimentos antropológicos das nações indígenas.

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