Febre tifoide é uma doença infectocontagiosa, de notificação compulsória, causada pela bactéria Salmonella enterica typhi. A
enfermidade é transmitida pelo consumo de água e alimentos contaminados
ou pelo contato direto, em razão da presença de bacilos eliminados nas
fezes e urina humanas dos portadores da doença ativa ou nas fezes dos
portadores assintomáticos. Embora haja casos registrados no mundo todo, a
enfermidade é endêmica nos locais em que as condições sanitárias e de
higiene inexistem ou são inadequadas.
A transmissão se dá exclusivamente por via fecal-oral. Ao penetrar no
organismo, as bactérias que não são destruídas pelo suco gástrico no
estômago, atravessam a parede do intestino delgado e caem na corrente
sanguínea. Nessa fase, surgem os primeiros sintomas. Como a Salmonella typhi
pode multiplicar-se no interior das células de defesa, a infecção se
dissemina pelo organismo. Os órgãos mais afetados costumam ser o fígado,
baço, vesícula, medula óssea e todo o intestino.
Observação importante: É de extrema importância esclarecer que febre
tifoide e tifo são duas entidades distintas, transmitidas por
micro-organismos diferentes. A primeira é transmitida pela Salmonella typhi e o tifo, por micro-organismos do gêneroRickettsia.
Algumas pessoas são portadoras crônicas, mas assintomáticas da Salmonella, e podem transmiti-la nas fezes, o que dificulta o controle da doença.
O período de incubação varia entre oito e 14 dias. Os sintomas começam leves, vão crescendo de intensidade nas três primeiras semanas depois do contágio e só começam a regredir na quarta semana.
Os mais característicos são febre prolongada, alterações intestinais que vão da constipação à diarreia com sangue, cefaleia (dor de cabeça), falta de apetite, mal-estar, prostração, aumento do fígado e baço, distensão e dores abdominais, náuseas e vômitos. Em alguns casos, aparecem manchas rosadas no tórax e abdômen conhecidas por roseola tífica.
Sem tratamento, esses sintomas se agravam e podem surgir complicações graves, como hemorragias abdominais e perfuração do intestino, com risco de o quadro evoluir para septicemia, coma e morte.
Diagnóstico
O diagnóstico leva em conta a avaliação clinica do paciente e o
isolamento da bactéria por meio de exames laboratoriais de hemocultura,
coprocultura, mielocultura e pela reação sorológica de Widal. Esse
isolamento é fundamental para estabelecer o diagnóstico diferencial com
outras patologias intestinais que apresentam sintomas semelhantes.
Vacinação
Duas preparações de vacinas são recomendadas na prevenção da febre tifoide:
1) a que contém uma forma atenuada dos germes vivos, (Ty21) administrada por via oral em quatro doses, em dias alternados;
2) a parenteral de polissacarídeos (Vi CPS) administrada em dose única por via intramuscular.
O problema é que nenhuma delas oferece imunização completa nem está indicada nas situações de risco de epidemias.
Tratamento
O tratamento da febre tifoide inclui a administração de antibióticos
(clorafenicol, ampicilina e quinolonas, entre outros) e a reidratação do
paciente, e deve começar tão logo seja levantada a possibilidade da
infecção.
Repouso, dieta leve e sem resíduos, ingestão maior de líquidos são
medidas de suporte importantes durante a vigência da infecção e no
período de convalescença que pode ser longo. Nos dois extremos da vida,
infância e velhice, assim como durante a gestação, os doentes são mais
vulneráveis a complicações.
Embora o acompanhamento dos pacientes possa ser realizado
ambulatorialmente, ao menor sinal de agravamento do quadro, eles devem
ser encaminhados para atendimento médico-hospitalar.
Recomendações
* Lave bem as mãos, especialmente depois de ter usado o banheiro, antes das refeições e quando for lidar com alimentos;
* Informe-se sobre medidas de proteção que deve tomar antes de viajar para lugares considerados de risco para a infecção pela Salmonella;
* Não consuma alimentos crus, mal cozidos, ou conservados à
temperatura ambiente nem os oferecidos por ambulantes em locais
considerados de risco para a febre tifoide;
* Beba somente água fervida ou engarrafada com gás e exija que as
garrafas sejam abertas na sua presença, quando suspeitar que as
condições sanitárias e de higiene são precárias;
* Siga as orientações médicas sobre a conveniência de ser vacinado
contra a febre tifoide, antes de viajar para lugares com risco maior de
infecção pela Salmonella tiphi.
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