segunda-feira, 1 de julho de 2013

Hepatite D

Doença viral aguda que pode evoluir para forma crônica, apresentar-se como infecção assintomatica, sintomatica ou como formas gravíssimas, inclusive com óbito. O vírus HDV ou delta é altamente patogênico e infeccioso. Pode ser transmitido junto com o HBV a indivíduos sem contato prévio com o HBV, caracterizando a coinfecção, ou pode ser transmitido a indivíduos já portadores de HBsAg, caracterizando a superinfecção. Na maioria dos casos de coinfecção, o quadro clínico manifesta-se como Hepatite Aguda benigna, ocorrendo completa recuperação em até 95% dos casos. Excepcionalmente, pode levar a formas fulminantes e crônicas de Hepatite. Na superinfecção, a cronicidade é elevada, chegando a 79,9%, o prognóstico é pior, pois o HDV encontra condição ideal para intensa replicação, podendo produzir grave dano hepático e evolução para cirrose hepática. A doença crônica cursa, geralmente, com períodos de febre, icterícia, epistaxe, astenia, artralgia e, principalmente, esplenomegalia.

Agente Etiológico


Vírus da Hepatite D ou Delta (HDV). Um vírus RNA, único representante da família Deltaviridae. é um vírus defectivo (incompleto), que não consegue, por si só, reproduzir seu próprio antígeno de superfície, o qual seria indispensável para exercer sua ação patogênica e se replicar nas células hepáticas. Assim sendo, necessita da presença do vírus da Hepatite B.

Quais são os sintomas?

A hepatite D aguda revela-se após um período de incubação de três a sete semanas. A fase pré-icterícia, que pode durar entre três a sete dias, começa com sintomas de fadiga, letargia, falta de apetite e náuseas, depois a pele ganha um tom amarelado que é o sinal de icterícia e, então, os outros sintomas desaparecem, com excepção da fadiga e das náuseas, a urina torna-se escura e as fezes claras, enquanto os níveis de bilirrubina no sangue sobem.
Como a superinfecção causa, geralmente, uma hepatite aguda grave, com um período de incubação lento, os sinais são idênticos aos das duas doenças (hepatite D e hepatite B). Nos casos em que evolui para hepatite crónica, os sintomas são menos intensos do que na hepatite aguda. A evolução para cirrose acontece em 60 a 70 por cento dos casos e demora entre cinco a dez anos, mas pode ocorrer 24 meses após a infecção.
A hepatite D fulminante é rara, mas é dez vezes mais comum do que noutros tipos de hepatite viral e caracteriza-se por encefalopatia hepática: mudanças de personalidade, distúrbios do sono, confusão e dificuldade de concentração, comportamentos anormais, sonolência e, por último, estado de coma. 


Transmissão

As relações sexuais e os contactos com sangue infectado são os dois meios mais habituais de transmissão da hepatite D, portanto, o contágio resulta de relações sexuais sem preservativo, da utilização de objectos cortantes que possam ter vestígios sanguíneos, como lâminas de barbear, escovas de dentes, agulhas e seringas ou outro material (que não tenha sido submetido a esterilização) utilizado na preparação de drogas ou na realização de tatuagens, «piercings», acupunctura e perfuração das orelhas.
Esta hepatite não se transmite pela saliva ou suor, portanto, ninguém ficará doente por dar um aperto de mão, abraços, beijos ou por utilizar pratos ou talheres de pessoas infectadas. Mas o VHD pode, por vezes, propagar-se de modo a causar graves epidemias como as ocorridas em Nápoles, em 1977, e entre os índios Yupca da Venezuela em 1981.
Como é natural, visto que uma pessoa nunca pode ser infectada apenas com o VHD, a via de transmissão é semelhante à da hepatite B, embora penda mais para a via sanguínea. O período de transmissão dura enquanto a pessoa infectada tiver no organismo o antigénio Delta ou o ARN do VHD. 



Diagnóstico

As conclusões só são possíveis de tirar, com alguma fiabilidade, depois de terem sido feitos os testes serológicos.
No caso de se tratar de uma co-infecção, o diagnóstico é feito com base no aparecimento de antigénios e de anticorpos específicos no sangue, durante o período de incubação ou já no despoletar da doença. Os anticorpos anti-VHD desenvolvem-se tarde, na fase aguda, e normalmente diminuem após a infecção.
Na superinfecção, o VHB já se encontra no organismo antes da fase aguda, surgem anticorpos contra o VHD das classes IgM e IgG, sendo que estes últimos persistem por tempo indefinido. É possível, também, pesquisar no sangue o antigénio Delta e o ARN do VHD. A progressão para o estadio crónico está associada à presença de níveis elevados de IgM anti-HD e IgG anti-HD. 

Como prevenir?

Face às vias de transmissão, para prevenir, é necessário evitar o contacto com sangue humano, em especial, quando se desconhece o estado de saúde do portador, mas, se for mesmo necessário, devem usar-se luvas. Não podem ser partilhados artigos de uso pessoal que sejam cortantes ou perfurantes. O uso de preservativo diminui o perigo de contágio, portanto, não se deve dispensar o preservativo. 

Vacinação

Não existe qualquer vacina contra a hepatite D, mas como o vírus só pode infectar alguém na presença do VHB, a vacina para a hepatite B protege contra o vírua da hepatite Delta. A vacinação não deve ser encarada como uma urgência se não ocorreram contactos sexuais ou sanguíneos suspeitos. Caso esta situação se verifique, deve administrar-se a vacina e uma injecção de Imunoglobulina HB o mais cedo possível após a exposição.
A vacina da hepatite B faz parte do Programa Nacional de Vacinação.

Tratamento

Até agora, ainda não surgiu qualquer tratamento cem por cento eficaz, apenas o interferão alfa tem proporcionado alguns resultados positivos: somente num em cada dois casos se assiste a uma redução significativa da multiplicação do vírus mas, geralmente, a doença recidiva quando se interrompe o tratamento.





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