Doença
viral aguda que pode evoluir para forma crônica, apresentar-se como
infecção assintomatica, sintomatica ou como formas gravíssimas,
inclusive com óbito. O vírus HDV ou delta é altamente patogênico e
infeccioso. Pode ser transmitido junto com o HBV a indivíduos sem
contato prévio com o HBV, caracterizando a coinfecção, ou pode ser
transmitido a indivíduos já portadores de HBsAg, caracterizando a
superinfecção. Na maioria dos casos de coinfecção, o quadro clínico
manifesta-se como Hepatite Aguda benigna, ocorrendo completa recuperação
em até 95% dos casos. Excepcionalmente, pode levar a formas fulminantes
e crônicas de Hepatite. Na superinfecção, a cronicidade é elevada,
chegando a 79,9%, o prognóstico é pior, pois o HDV encontra condição
ideal para intensa replicação, podendo produzir grave dano hepático e
evolução para cirrose hepática. A doença crônica cursa, geralmente, com
períodos de febre, icterícia, epistaxe, astenia, artralgia e,
principalmente, esplenomegalia.
Agente Etiológico
Vírus
da Hepatite D ou Delta (HDV). Um vírus RNA, único representante da
família Deltaviridae. é um vírus defectivo (incompleto), que não
consegue, por si só, reproduzir seu próprio antígeno de superfície, o
qual seria indispensável para exercer sua ação patogênica e se replicar
nas células hepáticas. Assim sendo, necessita da presença do vírus da
Hepatite B.
Quais são os sintomas?
A hepatite D aguda revela-se após um período de incubação
de três a sete semanas. A fase pré-icterícia, que pode
durar entre três a sete dias, começa com sintomas de fadiga,
letargia, falta de apetite e náuseas, depois a pele ganha um tom amarelado
que é o sinal de icterícia e, então, os outros sintomas
desaparecem, com excepção da fadiga e das náuseas, a
urina torna-se escura e as fezes claras, enquanto os níveis de bilirrubina
no sangue sobem.
Como a superinfecção causa, geralmente, uma hepatite aguda
grave, com um período de incubação lento, os sinais são
idênticos aos das duas doenças (hepatite D e hepatite B). Nos
casos em que evolui para hepatite crónica, os sintomas são menos
intensos do que na hepatite aguda. A evolução para cirrose acontece
em 60 a 70 por cento dos casos e demora entre cinco a dez anos, mas pode ocorrer
24 meses após a infecção.
A hepatite D fulminante é rara, mas é dez vezes mais comum
do que noutros tipos de hepatite viral e caracteriza-se por encefalopatia
hepática: mudanças de personalidade, distúrbios do sono,
confusão e dificuldade de concentração, comportamentos
anormais, sonolência e, por último, estado de coma.
Transmissão
As relações sexuais e os contactos com sangue infectado são
os dois meios mais habituais de transmissão da hepatite D, portanto,
o contágio resulta de relações sexuais sem preservativo,
da utilização de objectos cortantes que possam ter vestígios
sanguíneos, como lâminas de barbear, escovas de dentes, agulhas
e seringas ou outro material (que não tenha sido submetido a esterilização)
utilizado na preparação de drogas ou na realização
de tatuagens, «piercings», acupunctura e perfuração
das orelhas.
Esta hepatite não se transmite pela saliva ou suor, portanto, ninguém
ficará doente por dar um aperto de mão, abraços, beijos
ou por utilizar pratos ou talheres de pessoas infectadas. Mas o VHD pode,
por vezes, propagar-se de modo a causar graves epidemias como as ocorridas
em Nápoles, em 1977, e entre os índios Yupca da Venezuela em
1981.
Como é natural, visto que uma pessoa nunca pode ser infectada apenas
com o VHD, a via de transmissão é semelhante à da hepatite
B, embora penda mais para a via sanguínea. O período de transmissão
dura enquanto a pessoa infectada tiver no organismo o antigénio Delta
ou o ARN do VHD.
Diagnóstico
As conclusões só são possíveis de tirar, com
alguma fiabilidade, depois de terem sido feitos os testes serológicos.
No caso de se tratar de uma co-infecção, o diagnóstico
é feito com base no aparecimento de antigénios e de anticorpos
específicos no sangue, durante o período de incubação
ou já no despoletar da doença. Os anticorpos anti-VHD desenvolvem-se
tarde, na fase aguda, e normalmente diminuem após a infecção.
Na superinfecção, o VHB já se encontra no organismo
antes da fase aguda, surgem anticorpos contra o VHD das classes IgM e IgG,
sendo que estes últimos persistem por tempo indefinido. É possível,
também, pesquisar no sangue o antigénio Delta e o ARN do VHD.
A progressão para o estadio crónico está associada à
presença de níveis elevados de IgM anti-HD e IgG anti-HD.
Como prevenir?
Face às vias de transmissão, para prevenir, é necessário
evitar o contacto com sangue humano, em especial, quando se desconhece o estado
de saúde do portador, mas, se for mesmo necessário, devem usar-se
luvas. Não podem ser partilhados artigos de uso pessoal que sejam cortantes
ou perfurantes. O uso de preservativo diminui o perigo de contágio,
portanto, não se deve dispensar o preservativo.
Vacinação
Não existe qualquer vacina contra a hepatite D, mas como o vírus
só pode infectar alguém na presença do VHB, a vacina
para a hepatite B protege contra o vírua da hepatite Delta. A vacinação
não deve ser encarada como uma urgência se não ocorreram
contactos sexuais ou sanguíneos suspeitos. Caso esta situação
se verifique, deve administrar-se a vacina e uma injecção de
Imunoglobulina HB o mais cedo possível após a exposição.
A vacina da hepatite B faz parte do Programa Nacional de Vacinação.
Tratamento
Até agora, ainda não surgiu qualquer tratamento cem por cento
eficaz, apenas o interferão alfa tem proporcionado alguns resultados
positivos: somente num em cada dois casos se assiste a uma redução
significativa da multiplicação do vírus mas, geralmente,
a doença recidiva quando se interrompe o tratamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário